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REFLEXÕES DIVERSAS



A IMPORTÂNCIA DA MULHER

Ontem, tive um sonho. Sonhei que eu era passageiro de uma máquina do tempo, a qual transpunha a linha divisória do passado e do presente. A bugiganga começou a se movimentar. Voando através dos séculos, eu me tornava testemunha ocular de todos os acontecimentos históricos e fantasiosos. Num momento, enquanto esse meio de transporte avançava velozmente, uma voz mulheril começou a soar em meus ouvidos, dizendo: veja a História com olhos femininos! Pus-me, então, a analisar qual era a participação efetiva desse ser inigualável na História da humanidade. Via de uma só vez os fatos se apresentarem diante de meus olhos, e elas sempre estavam lá.
Num certo momento de minha viagem, vi três deusas litigando entre si para concluir qual delas era a mais bela. Dessa resolução, decorreu uma guerra sangrenta, pois coube a um simples pastor, Páris, eleger a mais bela. Afrodite foi a sua escolhida, atraindo a ira de Atena e Hera. Por causa do rapto de Helena, a mulher mais bela de toda Hélade, Tróia e Grécia se destruíram. Mais à frente, percebi que o Império Macedônio de Alexandre dominava grande parte do globo terrestre, mas, na realidade, a eminência-parda de tudo o que se passava era Olímpia, a mãe do imperador. Podemos dizer, então, que as mulheres não tiveram participação?
Era muito interessante! A cada momento que eu avançava, mitos e fatos se entrelaçavam, mas o essencial nunca se esmorecia: a mulher realmente era a protagonista! Lá fora, eu via conversando Judite, Ester, Raquel, Rebeca, Micol, Betsabéia e Tamar. Mulheres fortes do velho Israel, tementes a Deus-Javé, que reina na Terra e no Céu. Logo depois, um pouco mais adiante, eu enxergava Joana D’Arc lutando no exército francês e, ao seu lado, a enigmática e estática Monalisa, não se sabe se chorando ou caçoando.
Ao meu lado direito, presencio um episódio inacreditável (neste instante, o meu sonho se tornara mais confuso), as personagens dos nossos escritores brasileiros criavam vida e conversavam entre si, numa pracinha, perto da terra das fábulas. Iracema, a virgem dos lábios de mel, corre, incontinênti, para junto de seu filho, Moacir, o primeiro Cearense. Este homem pioneiro estava numa caverna, assistindo à morte de uma outra índia: Lindóia (habitante do Uruguai), que, há pouco, tinha sido picada por uma serpente. Lindóia estava morta e, para o seu enterro, vieram várias mulheres importantes: Carolina, a eterna Moreninha; Margarida, amante de Eugênio, O Seminarista; Mariana, antes um pouco de se matar pelo amor a Simão, isso era um verdadeiro Amor de perdição; Capitu, com os seus olhos de ressaca, como nos narrava Dom Casmurro Bentinho, em Matacavalos; Isaura, a escrava fugitiva; Inês de Castro, antes de ser sentenciada por Dom Afonso IV; Carlota, a voluptuosa donzela de Alencar e muitas outras. Entre essas grandes mulheres, estava um poeta português, que começava a recitar uns versos seus em homenagem à Lindóia: Amor é fogo que arde sem se ver; é ferida que dói e não se sente; é um contentamento descontente (lágrimas escorriam dos olhos de todas as nossas heroínas sofredoras). O poeta continuava: Alma minha gentil, que te partiste, tão cedo desta vida, descontente, repousa lá no Céu eternamente. Ah, poeta caolho, você restaurava as forças daquelas preciosidades tão massacradas no decorrer dos séculos!
E, quase no fim dessa confusão onírica, duas mulheres fixaram os olhos em mim. Uma segurava um fruto; a outra, um menino. Alfa, Ômega – Princípio, Fim. Eva e Maria, Maria e Eva! Duas seguidoras de Deus. O mito Eva nos ensina a sermos pioneiros em todos os nossos atos terrenos; o fato Maria nos mostra como gerar vida no meio de uma cultura de morte. Maria se aproximou de mim e me tocou, e sussurrou em meus ouvidos: filho, eu o amo! Então, neste momento, meus olhos se abriram e vi minha mãe, acordando-me para o trabalho. Eu a abracei como nunca e lhe disse: mãe, obrigado por ser mulher! Obrigado por ser vida! Obrigado por ser mãe! Ela não entendeu bulhufas! Talvez porque precisasse fazer as suas tarefas corriqueiras e não tivesse muito tempo para ouvir os devaneios de seu filho biruta. Mas eu não deixei que ela ficasse sem saber que, juntamente com o homem, ela é a protagonista da História. Desde ontem, uma mulher a mais sabe que nada acontece, nada é possível, nada se concretiza, nada é real sem a existência dela! 

JOSÉ LUÍS QUEIMADO!










MINHA AMADA LÍNGUA PORTUGUESA


            A LÍNGUA PORTUGUESA: BELA E MAJESTÁTICA! Estou escrevendo neste espaço por um único motivo: Deus “pediu-me” para divulgar as coisas belas. Por isso, exponho uma delas aqui: “A última flor do Lácio, inculta e bela”, parafraseando o nosso saudoso Olavo Bilac. Como sois linda, Língua Portuguesa! Agradeço, incessantemente, o mérito de ter-vos nos lábios; não penso que o mel seja tão doce quanto a vossa melodia. Se um dia eu vier a pensar que não trago nada de belo em mim, prometo lembrar-me de que me esqueci de vós. Dois sentimentos trago comigo por possuir-vos. O primeiro é a angústia; o segundo, a felicidade. Angústia porque carrego comigo uma grande responsabilidade em vos pertencer, pois fico tremendo só em pensar que posso ferir-vos; machucar-vos com um objeto direto mal direcionado; mostrar-vos, erroneamente, com um adjetivo inadequado; trair-vos com diversos estrangeirismos, esquecendo-me de vossos ricos e inumeráveis sinônimos ou ridicularizando-vos, usando as palavras de vosso léxico a meu bel-prazer, de forma até desairada. Por outro lado, sinto-me feliz por poder expressar minhas ações e meus estados de ânimo, fazendo uso de vossos incontáveis verbos melodiosos, os quais me regozijam. Essa felicidade, também, provém do fato de eu vos ter conhecido e me tornado vosso amigo, pois, sem vós, não seria esta pessoa que está escrevendo, agora; mas, sim, uma outra desconhecida, falando de coisas que não vos agradariam, pois aprazeriam a diferentes idiomas, com diferentes sotaques. Se eu não vos tivesse conhecido, sentiria uma dor alucinógena em minhas cordas vocais, e meu coração estaria mais gélido, pois meus sentimentos seriam expressos de um modo não tão musical e poético; não tão agradável; não tão vós. Quero pedir-vos perdão por eu ser um dos que vos tiram a beleza; desculpai-me, ó Língua Portuguesa. Prometo em vos levar, corretamente, a todos com os quais me deparar; não quero ver-vos deturpada. Das suas irmãs, vós sois a mais bela, sabeis que digo a verdade! Vossa irmã francesa agradecer-me-ia assim: Merci Beaucoup; a italiana: Grazie Tante; a espanhola: Muchas Gracias e a Romena: Multumesc Foarte Mult. A vossa mãe é muito bonita, mas o que restou dela não a faz melhor do que vós. Para ela, é um orgulho ver a filha tão charmosa e opípara, mesmo que seus usuários a machuquem. Vossas primas também não são belas como vós. Mesmo que a inglesa diga: “I’m the best language around the world”, ela não vos chega aos pés! Vós sois como a Cinderela, em comparação a ela! No mais, sou feliz porque posso usufruir vossa presença. Obrigado por serdes minha guia! Meu desejo é que todos vos conheçam; afinal, quero dividir a felicidade imensa que vós me promoveis e a angústia inquietante da qual vós me imbuís. Eu vos amo, Flor mais bela do Lácio, transparente e macia! Fecho pedindo duas coisas aos que lerem este escrito: não me critiquem em outra língua, a não ser em Português Brasileiro e não ofendam a minha amiga com erros gramaticais, quando forem criticar-me. Porém, indico dois outros itens aos diligentes e conspícuos leitores: amem a minha “fiel companheira”, não as suas cópias, as quais devem ser aceitas, com todo carinho, pelos que não tiveram oportunidade de conhecer a original; afinal, ela se dá a conhecer a todos que assim o quiserem; e, por fim, amem-na tanto quanto eu, para que ela não se extinga pelo fato de ser complexa! O país é gigante pela própria natureza, por isso deve ter uma língua tão majestática quanto!

JOSÉ LUÍS QUEIMADO!




MUDANÇAS OU DESPESAS? 



A não aprovação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa deve ser ratificada?



          Esta pergunta acima seria o tema de um novo referendo neste país. A sua ambiguidade é proposital, para que não se quebre a tradição dos referendos no Brasil, aliás, esse seria o segundo deles. A nossa nação tem dado grandes passos para uma evolução cultural, mas, ao mesmo tempo, tem feito rombos enormes em sua história moderna, e a alteração de alguns acentos de seu idioma foi um dos maiores já realizados. 
          Muitos podem julgar que as afirmações acima contenham uma pitada de exagero. É verdade, contêm certa dose de melindre, mas por justa causa: abusaram do poder público, numa sociedade democrática. 
          No dia 29 de setembro de 2008, o presidente Lula assinou o decreto para a pequena e inútil reforma ortográfica da Língua Portuguesa, que tem por meta aproximar mais os países lusófonos (de idioma Português), em vista de uma maior unificação entre essas nações, principalmente no que concerne ao comércio externo. Realmente, tudo agora irá mudar! E esse “acordo cacográfico” chegou em hora oportuna, num momento em que nenhum outro assunto mais importante temos para resolver! 
          Esse acordo, mencionado acima, quer oferecer uma escrita uniforme do Português, por isso, faz algumas modificações “importantíssimas” nos maiores entraves da Língua para essa utopia se realizar. “Quem não concorda que o trema é inútil?” “Para que serve esse sinal gráfico?” perguntam aqueles que nem sabem o que é gramática. Mesmo existindo esses dois pontinhos (marca cultural da Língua), milhões de brasileiros pronunciam “distingüir” e “extingüir”, então por que acusar e rechaçar esses simples sinaizinhos que vêm em cima somente de alguns poucos “us” de nosso vasto idioma?
           “O mais importante é que sinais e acentos difíceis desaparecerão da ‘última flor do Lácio, inculta e bela’”, dizem os inimigos da gramática. Jibóia será  jiboia; assembléia, assembleia – não será nada difícil para aqueles que nascerem daqui a dez anos, mas nós sofreremos muito com isso, pelo menos os que escrevem; aliás, mormente os brasileiros que escrevem, pois qual será a mudança para Portugal? Os portugueses já não usam o trema; já eliminaram os acentos dos ditongos abertos; já não usam o hífen, tal como nós usamos. O que mais querem? Pensando bem, terão de suar a camisa para se acostumarem às novas grafias de palavras propriamente lusófonas: Egipto, acto, facto, etc.  
          Passou muitas vezes pela minha cabeça que esse acordo, na realidade, seria a adequação de nossas falhas e idiossincrasias à verdadeira e pura Língua Portuguesa Mãe, de nossos eternos colonizadores! Mas já me convenci de que estava errado, pois os portugueses reagiram com mais veemência do que nós, brasileiros, diante de tamanha estupidez desse acordo! 
          As regras do hífen ficaram menos compreensíveis ainda; nem as mencionarei aqui! Muitos gramáticos já escreveram sobre o tema, aliás, os aproveitadores iniciaram suas edições desde que o projeto tinha saído da cabeça desses mirabolantes pensadores de Língua Portuguesa! Os acentos diferenciais, ou que sobrou deles depois da reforma de 1971, serão abolidos, – só restará aquele que se põe no teto do verbo “pôr”, para termos uma boa recordação desses fiéis defuntos, verdadeiros acentos excêntricos, mas já consagrados em grande obras de nossa Língua. Se alguém objetar, vai já se adaptando ao futuro; diga-me: “Para com essas ideias esdrúxulas, aceita logo o Acordo!” (Pára, sem acento, por favor! Ideia, idem!). Ah, verbos que repetiam as letras (hiatos) foram censurados, para que possam passar de série o quanto antes! Crêem – creem (multa de um acento circunflexo!); môo – moo; côo – coo; lêem – leem, e assim por diante! O hiato “iu”, tal como em feiúra, desaparecerá – feiura; e o argúi, do verbo arguir (antigo argüir!), também deixa de existir, e todas as suas outras formas iguais. 
          O que muda, afinal, em Portugal? Somente palavras que continuam, devido à tradição lingüística, com uma letra a mais: Egipto – Egito; acto – ato; actualizar – atualizar; facto – fato, etc., como já assinalamos acima. O que mais machuca a alma não são as mudanças em si, mas a forma com que se impôs esse Acordo. O verbo “impor” foi posto aqui para se referir à contradição que ainda existe nesta República Democrática. Há muito tempo não se via uma atitude tão ditatorial como essa. Um bando de intelectuais, escondidos por detrás do grande título “Academia Brasileira de Letras, resolveu mudar um bem que é de todos os luso-falantes, desde o mais pobre angolano e menos instruído moçambicano até ao mais rico brasileiro e culto português. Houve pessoas importantes, tais como o co-editor do Dicionário Houaiss, que ousaram afirmar que havia ocorrido muito diálogo antes dessa decisão ser formalizada. Com quem? Quando? Karl Marx soube explicar esse discurso muito bem, pois a ideologia é aquela que nos faz acreditar no que a “corja” de déspotas diz. 
          Somos responsáveis por nossa Língua, mas a desprezamos tanto, a ponto de a deixarmos ao bel-prazer daqueles que pensam ser donos dela. Em Portugal, centenas e centenas de protestos surgiram. No Brasil e na África, os poucos intelectuais que se posicionaram contra o Acordo foram mais que desprezados! Enfim, devemos lutar e lutar para que a nossa pátria, “gigante pela própria natureza”, seja melhor. Talvez com o dinheiro que se gastará para implantar essas grandes e importantíssimas modificações do idioma poderíamos investir no decadente sistema de saúde, ou na péssima segurança pública, ou na horripilante educação deste povo, ou no combate à degradação política brasileira, ou... Esqueçam! Maltratem o povo! Mesmo assim, ele continuará dizendo teiado e irá construindo telhado!

JOSÉ LUÍS QUEIMADO!

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MANUEL BANDEIRA

POÉTICA!

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o
cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de excepção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora
de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário
do amante exemplar com cem modelos de cartas
e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.